Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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quinta-feira, 30 de junho de 2011

À minha frente...


Nas duas viagens de comboio de ontem, com destino a Lisboa e no regresso de lá, aconteceram três desenhos.
Este foi o que ficou comigo.
Os outros dois saíram do caderno. Um deles com a folha cortada apressadamente durante a pausa numa das estações do percurso e antes do comboio retomar a viagem.

Às vezes é difícil desenhar tão perto sem que se apercebam.
Mas quando se nota no olhar que gostariam de ficar com o apontamento desenhado, mesmo sem nada dizerem - ou talvez por isso - sinto que o desenho deixa de me pertencer.
Ou melhor, que é bem mais da pessoa que esteve na origem dele do que de mim.
E quando os cadernos o permitem, assim acontece.

Hoje estão algures por aí, guardados por essas pessoas que talvez nunca mais volte a ver na vida. Pode parecer estranho, mas é bom saber-los assim.

9 comentários:

claudio patanè disse...

fantastico!! gosto muito....

claudio patanè disse...

...ontem encontrei na metro..a mesma pessoa!?!? não sai... e desenhei também!! ma nãp gostei do meu resultado,,, o teu é optimo!! ainda parabéns

hfm disse...

Belo desenho e belo gesto!

Joananana disse...

que bonito, o desenho e as ofertas..

josé paulo disse...

@ Joana
obrigado. deixei mensagem nos teus posts "mais vila viçosa" e "à espera que páre a chuva". espero que vejas :)

@ hfm
obrigado pelas palavras. tens mensagem num post teu.

@ patané
a sério?!... será possível ser a mesma rapariga?
do que me recordo: cabelo castanho claro ou louro e liso, óculos moldura rectangular e hastes cor branca, blusa branca com estampado florido em tons verde seco, calça ganga azul, a mala saco que está ao ao colo dela de tom castanho médio e sandálias plataforma de tiras verde cinza e base castanha.
confere ou nem por isso? se for coloca lá o desenho.
era um coincidência muito engraçada.
deixei mensagem em post teu.

Tiago Cruz disse...

Gosto muito do desenho e da atitude. Por vezes também penso nisso e acho que devemos devolver os desenhos aos sujeitos. É uma imagem produzida a partir deles e, como tal, também lhes pertence. O problema é que não tenho coragem de arrancar folhas do caderno. A minha solução é ficar com o contacto de email da pessoa e enviar o desenho digitalizado…

José Louro disse...

Muito bom.

Joananana disse...

obrigada pelas mensagens, agora ando muito de comboio na linha de sintra quem sabe um dia não apareço também num destes registos :)

josé paulo disse...

@ Tiago
obrigado.
pois é... isso às vezes também me acontece nalguns cadernos, é complicado e não consigo o gesto de me desfazer deles.
este era um caderno de apontamentos dispersos e desenhos pelo meio pelo que não ficava tão difícil a decisão e a entrega.
mas a tua solução do contacto de email da pessoa parece uma boa ideia.
mas há momentos muito particulares em que creio que vou sempre continuar a entregar os desenhos.

@ José Louro
obrigado.
e os teus desenhos do mais recente encontro?

@ Joana
ainda bem que ainda viste as mensagens.
e um dia apareces num desses registos ou fazes tu os teus :)
gosto muito de os fazer nos comboios e no metro, e por aqui há quem tenha trabalhos bem bonitos feitos por aí a viajar, como a Cláudia Salgueiro e a Mariana Santos.